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SessãoDiversidade

De Stonewall ao Festival do Rio 2009
Por Kiko Riaze

Em 28 de Junho de 1969 dezenas de homossexuais que se divertiam no bar gay Stonewall Inn em Nova York se rebelaram contra os maus tratos da polícia e iniciaram uma série de violentos conflitos que se espalhou por várias ruas de Manhattan. Este episódio conhecido como A Rebelião de Stonewall é considerado hoje o marco inicial dos movimentos modernos de luta pelos direitos LGBT. Até então, a comunidade homossexual era praticamente invisível, discriminada e reprimida.

Uma prova disso é a inexistência total de filmes com temática declaradamente gay antes desta data. O que se viam eram apenas abordagens sutis que muitas vezes passavam despercebidas aos olhares menos atentos. O primeiro filme com personagens centrais gays foi o polêmico “Os rapazes da Banda” de 1970.

A partir dos anos 80 a homossexualidade no cinema passou a ter maior visibilidade. Os cineastas deixaram de se reprimir e passaram a usar a sua arte para provocar e romper barreiras. Os filmes começaram a deixar a imagem do gay ridículo e estereotipado de lado para tratar de questões mais profundas e sérias, funcionando como uma denúncia ao preconceito da sociedade e ajudando a tirar a cultura gay do underground para incorporá-la à cultura popular. Bom exemplo é o filme gay “Filadélfia” de 1993, no qual Tom Hanks beijou Antonio Banderas e ainda levou o Oscar de melhor ator.

A partir daí diversos filmes com temática gay foram lançados acompanhando o crescimento do mercado consumidor LGBT cada vez mais visível e fortalecido, que paralelamente a isso, também expandia suas influências para a moda, publicidade, música, televisão, teatro, fotografia e literatura.

No entanto, apesar de todas as mudanças sociais e do sucesso de alguns blockbusters gays como “O Segredo de Brokeback Mountain”, “Meninos não Choram” e “Milk – A voz da Igualdade”, o mercado de filmes com temática gay continua sofrendo com o desinteresse das distribuidoras. A maioria das produções não consegue chegar às grandes salas de cinema e muito menos atingir o grande público, restando aos cineastas e produtores encontrarem soluções alternativas e baratas para realizarem suas obras. Por este motivo, a maioria dos títulos que tratam da temática homossexual são produções independentes e de baixo orçamento, o que não quer dizer que sejam menos valiosas. Pelo contrário, muitos destes filmes são verdadeiras obras de arte que merecem ser apreciadas não apenas pelos homossexuais, mas por todos os amantes da sétima arte.

Não por acaso, a estréia da coluna SessãoDiversidade vem exaltar os profissionais do cinema gay alternativo e indica aos leitores do blog “Cine&Cia” os filmes da Mostra Mundo Gay do Festival do Rio 2009.

São 12 produções entre longas e curtas-metragem de diretores com trabalhos consolidados no exterior que abordam os mais variados assuntos relacionados à diversidade sexual.


Entre eles destaco o documentário brasileiro “Homens”, de Lucia Claus e Bertrand Lira que retrata a dif
ícil vida de homossexuais do interior nordestino. São histórias reais de gente simples, com sorrisos e lágrimas verdadeiros, que enfrenta o preconceito em cidades bem pequenas onde a intolerância é ainda maior que nos grandes centros urbanos.

Entre os estrangeiros, os destaques são os filmes “Boy” (Boy, Filipinas), que mostra o relacionamento de um jovem poeta com um garoto de programa; "Morrer como um Homem" (Portugal) que conta a história de uma transexual veterana que vê seu posto de estrela da boate ameaçado pela chegada de uma drag queen mais jovem e “Sinos Silenciosos” (Wu Sheng Feng Ling, China/Suíça) que conta a história de um homem que se apaixona por um rapaz fisicamente idêntico ao seu falecido namorado, mas de personalidade inteiramente diferente.

Destaque também para o documentário “Os tempos de Harvey Milk” (The Times of Harvey Milk, EUA) de 1984, precursor do filme que deu o Oscar de Melhor Ator para Sean Penn este ano. Com imagens de arquivo, resgates da cobertura da imprensa, entrevistas dadas por Milk à televisão norte-americana e depoimentos exclusivos colhidos para o documentário, o filme mostra a ascensão de Milk na política com sua militância pela causa homossexual. Harvey Milk e o então prefeito George Moscone foram mortos por Dan White, um colega de gabinete. "Os Tempos de Harvey Milk" mostra que, ironicamente, o crime deu ainda mais visibilidade e força ao ativismo LGBT.

A lista dos filmes da Mostra Mundo Gay pode ser vista no link: http://www.festivaldorio.com.br/site2009/filmes/mostras.php?id_mostra=11

O Festival do Rio 2009 acontece em várias salas da cidade até o dia 08 de outubro. Vale a pena conferir.


Trailers:








Imagens e Vídeos: Divulgação