Cinema | [Especial!] Conversamos com o diretor de "The Flash", Andy Muschietti
Quadrinhos | A origem de Miles Morales nas HQs, por Jackie Cristina
Cinema | [Exclusivo!] Charlize Theron comenta sobre a franquia "Velozes e Furiosos"
Cinema | Warner Bros. inicia a pré-venda de ingressos para "The Flash"
Cinema | "Five Nights At Freddy's - O Pesadelo Sem Fim" ganha teaser inédito e arrepiante
HQ | Conheca "Brzrkr", que conta com participação de Keanu Reeves!

Cinema: "No Olho da Rua"

Metalinguagem tem limite
Por Edu Fernandes (Blog Cine Dude)


No olho da Rua, que estreou no Rio de Janeiro e em São Paulo na última sexta-feira (13), perpetua alguns vícios do cinema brasileiro. Além do trailer pavoroso e de uma história descolada do contexto atual, o tema deste texto é uma terceira teimosia tupiniquim: a inserção de um personagem cineasta (que por vezes é um cinéfilo ou roteirista) na história do filme.

Em No Oho da Rua, o fatídico papel foi incumbido a Leandro Firmino da Hora (Cidade de Deus) e é o personagem mais divertido do filme. O problema é que o fato de ele ser aspirante a cineasta é totalmente ao enredo.


Leandro interpreta Algodão, um carioca radicado em São Paulo que estudou cinema. Ele quer registrar as amarguras vividas por Oton (Murilo Rosa). O protagonista é um metalúrgico que perdeu o emprego.

Todas as funções dramáticas de Algodão poderiam ser desempenhadas sem que ele necessariamente fosse um cineasta. Tal excesso fica evidenciado especialmente quando se percebe que a ideia de registrar as penúrias de Oton é “esquecida” pelo roteiro conforme o filme avança. Algodão é o alívio cômico do filme, a voz da favela e o companheiro de aventuras do protagonista. E só.

Mas qual o problema de ele ser um cineasta? Pois bem, poucas pessoas comuns conhecem um cineasta (isso vale também para quadrinista). No Brasil, o cinema (e os quadrinhos) é uma área de interesse bem limitado junto à população. Quando se coloca constantemente um cineasta (ou quadrinista) no roteiro de um filme (ou HQ), o cinema torna-se mais umbilical, fechado em si mesmo e assistido apenas pelas mesmas pessoas de sempre.

Os Desafinados (Divulgação)

Se a classe do cinema (realizadores, críticos, cinéfilos,...) quisermos que o nosso amor pela sétima arte seja praticado por mais pessoas, precisamos tornar nosso cinema mais acessível. Esse vício – partilhado por Podecrer! e Os Desafinados, em exemplos atuais – precisa ser controlado. A metalinguagem (elementos de um filme dentro de um filme), quando bem usada, dá bons resultados. Nesse sentido, vale a pena conferir Saneamento Básico - O Filme.

Para finalizar, pensemos como essa questão se apresenta em áreas culturais mais bem sucedidas no quesito popularidade. Quantas telenovelas trazem um novelista como um de seus personagens?