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Resenha: Bumblebee


Deliciosamente divertido e empolgante, o melhor capítulo da franquia "Transformers"
Por Paulo Costa

Sempre que se anuncia um novo filme da franquia "Transformers", logo se imagina que teremos mais um filme sem roteiro, saturado de efeitos especiais, além de muita treta entre robôs gigantes explodindo na tela a cada segundo, pois bem, "Bumblebee" que chega aos cinemas no dia 25 de dezembro, é algo diferente de tudo o que você já viu até agora.

A começar pelo roteiro de Christina Hodson, que entrega uma trama que além de concisa é deliciosamente divertida e empolgante, tendo como base o longa animado de 1986, que narra a chegada do Autobot B-127 à Terra, um dos poucos a sobreviver aos brutais ataques dos Decepticons. Aqui a trama se passa na Califórnia no ano de 1987, onde após assumir a forma de um fusca amarelo caindo aos pedaços e sem condições de uso, Bumblebee se refugia em um ferro velho até ser encontrado por Charlie, uma jovem prestes completar 18 anos que carrega a tristeza da perda do pai. Esse é ponto de partida de uma grandiosa relação de amizade que surgirá entre um humano e uma máquina.



O roteiro ainda entrega algo inovador à franquia ao ser totalmente desconstruido, onde temos pela primeira vez uma mulher como protagonista e, invertendo os papeis onde a mulher, de preferência bonita e gostosa é mera coadjuvante servindo como "enfeite" de cena, temos Charlie, uma garota cheia de atitude e empoderamento que sabe muito bem o que quer, enquanto o lado frágil fica a cargo do personagem masculino Memo.

A química entre os protagonistas é fluida, Hailee Steinfeld e Jorge Lendeborg Jr. apresentam personagens carismáticos e que juntos em cena proporcionam momentos de risadas verdadeiras, já que o humor é leve e despretensioso, com piadas sutis e nem um pouco exageradas, soando de forma natural. Até mesmo durante as cenas de carga dramática mais pesada ou em cenas de ação, os dois conseguem transmitir essa mesma leveza, proporcionando um entretenimento que agradará a todos e de todas as faixas etárias. O mesmo se aplica ao elenco que compõe a família de Charlie. Temos aqui um elenco com química constante, até mesmo o personagem de John Cena, o Agente Burns, que deveria ser um "vilão", possui seu carisma, principalmente quando levamos em consideração que os verdadeiros vilões são na verdade os inéditos Decepticons Shatter e DropKick, que estão por aqui atrás de Bumblebee. Vale ressaltar que na versão original quem dubla Shatter é a atriz Angela Bassett, já na versão nacional quem empresta sua voz a personagem é a atriz Paolla Oliveira.





Podemos conceder parte do mérito ao diretor Travis Knight que, após sua estreia com a animação "Kubo e as Cordas Mágicas" (2016), aposta muito mais em uma direção sutil e delicada, ao contrário de Michael Bay (aqui como produtor), Travis não pesa a mão, e entrega um filme, que até mesmo nas cenas de ação é possível ter uma boa combinação de tiro, porrada, bomba e sentimentos, sem ser piegas ou exacerbado.

Outras boa mistura que podemos considerar como fator importante para o resultado do filme é a produção que, além de Michael Bay, também traz Steven Spielberg como produtor executivo, e se tem uma coisa que Spielberg sabe fazer muito bem é justamente filmes com pegada oitentistas para toda a família.

Já em questões técnica, temos os anos 1980 muito bem retratado nas ensolaradas praias da Califórnia, com um visual colorido e energético, as tomadas apresentam jovens andando de patins nos calçadões, garotas com suas roupas em cores de neon, além dos parques de diversão com direito a montanha-russa de madeira e roda gigante, além das coloridas barracas de souveniers, de comidas e de bebidas, já que a personagem Charlie trabalha em uma dessas barracas. É também muito nostálgico ver em cena objetos retrôs como fitas K7, fitas VHS, além de uma maravilhosa referência ao filme "Clube dos Cinco".

E se há algo que não podemos negar sobre a franquia "Transformers" é a excelente evolução dos efeitos digitais e dos gráficos dos robôs, se traçarmos um panorama do primeiro filme, lançado em 2007 até "O Último Cavaleiro", de 2017, em 10 anos essa técnica foi aprimorada e partimos de borrões coloridos e confusos para algo extremamente nítido, cenas limpas e cristalinas, e é em "Bumblebee" que isso avança ainda mais. Após alguns acontecimentos em que o personagem título perde a sua voz, coube Jason Smith e sua equipe criativa por trás dos efeitos visuais, em tentar transmitir os sentimentos do personagem através de suas expressões faciais e o resultado além de grandioso, foi a capacidade de transformar uma máquina em um personagem mais humano do que os próprios humanos, é possível reconhecer através destas expressões quando ele está feliz, quando está triste, quando está em dúvida...



Outra sacada muito boa ainda relacionada a questão do personagem perder sua voz, é a forma como conseguiram fazer com que Bumblebee "conversasse" com a a jovem Charlie, porém não vou estragar essa experiência, e deixarei essa curiosidade no ar, mas já adianto que envolve algo com a excelente trilha sonora.

E por falar em trilha, temos o melhor dos anos 1980, de The Smiths a A-Ha, passando por Rick Astley, Dead or Alive, Pointer Sisters e Toto, além de muitos outros artistas que explodiram nessa época. A trilha também apresenta a canção inédita "Back to Life", interpretada pela própria Hailee, quem não se lembra a atriz e também cantora já havia soltado a voz no segundo e terceiro filme "A Escolha Perfeita".

No geral, já podemos considerar "Bumblebee" como o melhor filme da franquia, que até mesmo com a explicação da origem do nome do personagem (que já apareceu no trailer), tudo está muito bem inserido e contado, proporcionando ao espectador momentos de risada e de comoção com boas doses de adrenalina, que quando tudo muito bem combinado em dosagens certas se torna um excelente entretenimento.

Enfim, temos o filme perfeito para curtir com a família, com os amigos, com todo mundo, no Natal e nestas férias que se aproximam.