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Resenha: Ad Astra - Rumo às Estrelas


Um duto escapista na carona fálica de um foguete
Por Eduardo Benesia

Dia sim Dia sim e "Ad Astra - Rumo às Estrelas" só melhora na digestão. Não vi nem curti todos os filmes do James Gray mas se me disserem que ele nunca errou acredito. Me parece um cinéfilo sempre vasculhando o melhor ângulo, a gente assimila não só a fotografia, a gente intui o observador-cineasta e a sua mira cuidadosa. Não sei homogeneizar o seu cinema, vejo mais variantes do que constantes, sua direção não força ser extraordinária e ao mesmo tempo cumpre bem as propriedades mais elegantes de uma Mise-en-scène.

É a interpretação mais Ryan Gosling de Brad Pitt - só que melhor. Consegue ser econômico mas deixa a lágrima vir no vapor da secura, modula a sauna dos olhos participantes e não ansiosos. O ator contribui para que os recursos narrativos causem um cinema residual que está além da marcação do conceito, há uma vacuidade poética preenchendo a solidão. É um sedimento subjetivo que financia conexões menos aparentes e sabe usar a memória afetiva; A cena do encontro (com um dos diálogos mais cortantes do ano) me parece revelar o grande cerne de uma história que aparentemente é espacial, mas que quer ir mais pra dentro falando da distância. Gosto de como expõe a covardia masculina, é uma frieza inteligente, traduz o homem egoísta mas também o altruísta num grande corte simbólico.

Me comove mais do que "Interestelar". É visualmente menos pretensioso do que "Gravidade". É mais dinâmico do que "Perdido em Marte" e menos apático do que o "Primeiro Homem". Numa média, é um pouco melhor do que todos esses. Aliás, é sintomático como esse tipo de cinema parece servir como um duto escapista, na carona fálica de um foguete o homem ultrapassa a própria atmosfera como se quebrasse uma membrana resistente para então se olhar de fora, orbitar-se.

"Ad Astra" segue em cartaz nos cinemas.


Sinopse: Roy McBride (Brad Pitt) é um engenheiro espacial que decide empreender a maior jornada de sua vida: viajar para o espaço, cruzar a galáxia e tentar descobrir o que aconteceu com seu pai, um astronauta que se perdeu há vinte anos no caminho para Netuno.