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Cinema | "AmarAção", Resenha por Paulo Costa



Por mais que seja um divertido encontro de amigos, comercialmente não funciona por diversas questões técnicas e de investimento

Por Paulo Costa


"AmarAção", chegou aos cinemas nacionais na última quinta-feira, 10 de junho, e marca a estreia dos irmãos, cineastas e roteiristas Eric e Marc Belhassen, em longas de ficção, mesmo que inspirado em fatos.

Conhecidos pela parceria nos documentários "Guardiões do Samba", produção de 2018 que conta com depoimentos de figuras importantes do samba como Martinho da Vila, Dudu Nobre e Gilberto Gil, e também a jornada gastronômica "Por Que Você Partiu?", de 2013, que acompanha a trajetória de chefs de cozinha franceses que residem no Brasil, entre eles o famoso Erick Jacquin.

Se em questão de documentários a dupla obteve êxito e reconhecimento, mesmo tratando de assuntos tão distintos, infelizmente não será com "AmarAção" que repetirão tal sucesso entre obras ficcionais, pois o filme peca em quase todos os quesitos para se construir e narrar uma boa historia nas telas.



A trama acompanha Erick, um homem que acabou de se divorciar e tem dificuldade em lidar com a situação. Ele passa a duvidar da própria sanidade quando começa a escutar a voz da ex-esposa pela casa e acha que foi enfeitiçado por ela. Ao mesmo tempo, seu melhor amigo Caco também está passando uma separação difícil e considera usar feitiçaria para recuperar a mulher. Os dois precisarão aprender a lidar com a situação e descobrir a verdade sobre a magia do amor.

O enredo tinha tudo para ser muito mais interessante e divertido, mas ele fracassa ao tentar abordar diversos assuntos em suas muitas subtramas e acaba por não explorar nenhum deles e muito menos encerrar seus arcos, o que deixar a trama central confusamente perdida e longe de ser a comédia romântica que merecia. Uma das poucas cenas realmente engraçadas, onde o personagem Erick se aventura no mundo dos aplicativos de relacionamentos, que renderia boas risadas, é mal construída e até agora estou aguardando a resolução de toda a confusão que se iniciou ali, e este é apenas um dos exemplos, já que não convém soltar spoliers.

Por mais que a produção seja totalmente independente e não contou com nenhum recurso de captação monetária através de leis de incentivo, a estética utilizada demonstra muita carência em sua direção de arte, fotografia e até mesmo em uma pós-produção mais caprichada, pois tudo ali precisaria de alguns retoques antes de sua finalização rumo as telonas, o que inclui uma melhoria no som e também na edição, podendo retirar algumas cenas que não fazem sentido em estar ali, ou até faria se fosse melhor construída, como por exemplo uma viagem de Erick a Paris para encontrar seu irmão.




Ainda que a obra possua pontos positivos, como a boa trilha instrumental e ótima locações externas pelas ruas de São Paulo, nem o elenco repleto de conhecidos nomes salvam, temos ali Caco Ciocler ("Olga", "Elis" e "Unidade Básica"), Marta Nowill ("Todas as Mulheres do Mundo" e "A Noite da Virada), Luísa Micheletti ("Novo Mundo" e "Rota de Fuga") e Clarisse Abujamra ("Como Nossos Pais"), que me fez realmente gargalhar em uma única cena, além do próprio Eric Belhassen, que sai de trás das câmeras para dar vida ao personagem Eric.

Mesmo que "AmarAção" possa funcionar como uma divertido encontro de amigos e internamente tenha sido prazeroso para todos os envolvidos realizar este filme, comercialmente falando ele já nasce fadado a fracassar. Isso me entristece muito pois, ao mesmo tempo em que sempre me chateio em ter que expor uma opinião negativa sobre uma obra nacional, fico ainda mais triste em ver que produções como esta, que poderiam ser feitas com mais investimento, mais estrutura, infelizmente só traz a tona a realidade que a cultura e o áudio visual brasileiro vem sofrendo nos últimos anos, incluindo a extinção do Ministério da Cultura.

"AmarAção", que tem distribuição da Boca a Boca Filmes, segue em cartaz nos cinemas e chegará ao digital no dia 30 de junho.