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Cinema | "Velozes & Furiosos 9", Resenha por Paulo Costa




Nono filme chega como uma bela homenagem para celebrar as duas décadas de existência desta saga

Por Paulo Costa


Se existe uma palavra que a franquia "Velozes & Furiosos" desconheça, essa palavra é: limite. E com toda a certeza, é justamente isso que a transformou numa saga tão longínqua e amada por fãs das mais diversas faixas etárias, afinal, este ano a Família Toretto comemora 20 anos desde o lançamento do primeiro longa, que chegou por aqui em Setembro de 2001. Claro que "Velozes & Furiosos 9" não fugiria à esta regra!

Após os acontecimento de "Velozes 8" (2017), Dominic e Letty levam uma vida pacata ao lado de seu filho, o pequeno Brian. Mas eles logo são ameaçados pelo passado de Dom: seu irmão desaparecido Jakob, um assassino habilidoso e exímio motorista, que está trabalhando ao lado de Cipher. Para enfrentá-los, Toretto vai precisar reunir sua equipe novamente.

Como se não bastasse o retorno do elenco original, Han, personagem de Sung Kang, que todos acreditavam estar morto, na verdade está vivo, bem vivo. E o que mais surpreende é como o roteiro consegue trabalhar com maestria arcos que aparentemente estavam encerrados, trazendo tantas reviravoltas e ainda assim, este talvez seja o filme mais coerente.



O roteiro intercala de forma engenhosa dois períodos bem distintos da trama, o Dom de hoje com o Dom de 1989. Afinal, pela primeira vez em todo este tempo, temos o passado do personagem trabalhado de forma coesa em uma narrativa que se apropria muito bem de flashbacks para nos apresentar o irmão renegado da família Toretto e os motivos que levaram Domic a sentir tanta raiva de Jakob a ponto de esquecê-lo por tanto tempo, afinal, taí um tema pertinente desde o primeiro longa e que souberam explorar mais a fundo desta vez: família.

Outro grande trunfo que esta historia traz é mesclar com muita sensatez e equilibro outros gêneros além da ação, pois temos estampado na tela o romance de Dom e Letty que, fugindo de grandes clichês, o amor que o casal carrega aparece em diálogos, olhares e afetos, até mesmo durante cenas megalomaníacas você percebe a preocupação e o zelo que ambos possuem um pelo outro. A comédia também deixa de ser o alicerce e aqui se torna o escape de todo o drama que compõem o passado familiar dos Toretto, sendo inserida em momentos oportunos, tarefa quase que sempre exercida pela dupla Tej e Roman, interpretados respectivamente por Ludacris e Tyrese Gibson, e que funciona sem exageros, com direito a boas piadas geeks envolvendo cultuadas referências da cultura POP.

Talvez a maior de todas as novidades seja o protagonismo feminino que vem com grande impacto positivo. Depois que Michelle Rodriguez, que interpreta Letty, exigiu por tanto tempo que as mulheres tivessem mais espaço, finalmente seu pedido foi atendido. Com isso, Mia Torreto, personagem de Jordana Brewster volta com tudo pra somar, protagonizando boas cenas de ação ao lado de Letty e também de Ramsey, interpretada por Nathalie Emmanuel, afinal, é muito prazeroso ver a mulherada metendo porrada em macho escroto folgado. A partir deste ponto, a obra consegue trabalhar nas entrelinhas temas como sororidade, maternidade e até troca de tarefas, já que em determinado ponto a própria Mia brinca dizendo que enquanto ela foi pra "luta" as crianças estão seguras em casa com o pai, se referindo a Brian, personagem de Paul Walker. Mesmo com a ausência do ator que nos deixou em 2013, ainda é lembrando o tempo todo nos detalhes, o que traz um quentinho aos nossos corações e também um enorme saudosismo ao filme.




Além do retorno do elenco principal, Helen Mirren e Charlize Theron também dão as caras, a primeira arriscando manobras ousadas em Londres e a segunda, com todo seu sacarmos e rispidez, mostra que até mesmo numa galhofada destas é preciso saber atuar, afinal, sua vilã é tão canastrona que consegue fazer o público ficar com um ranço ainda maior por ela. Infelizmente a aguardada participação da rapper Cardi B é tão pequena que decepciona, mas também no deixa com gostinho de quero saber mais sobre Laysa, sua personagem, quem sabem em "Velozes 10" ela não retorne?

E, entre tantas, das muitas surpresas mais que o longa traz em quase 143 minutos de projeção e que não cabe a mim estragar a experiência de quem vai assistir, John Cena detona, literalmente, dando vida a Jakob. A dualidade cheia de magoas, farpas e porradas que o ator troca em cena com Vin Diesel deixa o filme tão realista e visceral, a ponto de mergulharmos de cabeça na trama e ao mesmo tempo que a gente passa a odiar o personagem, em determinados pontos a gente também quer gostar dele e torcer por uma reconciliação.

Quando tudo isso é transposto para a telona através de um novo e meticuloso olhar do diretor Jutin Lin, responsável pelos capítulos 3, 4, 5 e 6, e que soube muito bem se reinventar a ponto de evitar os erros cometidos anteriormente, inclusive no quarto filme da franquia, ainda assim sua direção consegue trazer uma certa originalidade mas sem perder a essência, somado a interpretações convincentes dos grandes astros, que já se tornou uma verdadeira família e é visivelmente nítido que todos ali estão se divertindo, e é inserido em uma edição frenética com uma trilha recheada de ritmos latinos, rap e hip hop, além paisagens deslumbrante ao redor do mundo e cenas externas e internas em cenários gigantescos, fazem de "Velozes & Furioso 9" uma experiência maravilhosamente grandiosa e imersiva, que seria um verdadeiro desperdício não contemplá-la em uma boa sala de cinema, vale investir seu dinheirinho numa sala IMAX. Afinal, este é aquele típico filme pra você se desligar totalmente da realidade e embarcar no que a jornada te reserva.



Claro que a obra ultrapassa todos os limites e carrega consigo muitos exageros, cenas nonsense tanto em terra firme como no espaço, imãs gigantes atraindo tudo por onde passa, carros voando, mas desta vez isso transforma a "farofada" que eu tanto amo em um banquete completo com direito a um sundae enorme de sobremesa, com muita calda de morango e uma enorme e suculenta cereja no topo. Banquete mais do que merecido aos fieis fãs da saga que mereciam algo tão emocionante como o que vemos ali. A sensação é de que estamos matando a saudade de uma grupo de amigos de longa data que não vemos há algum tempo, a nostalgia bateu forte.

Com lançamento nos cinemas nesta quinta-feira, 24 de junho, o nono capítulo chega ainda mais insano, com muito tiro, porrada, bomba, tudo o que a gente já espera e muito mais, de longe, este tem tudo para ser o melhor filme da franquia, e não é exagero de minha parte.

PS: tem cena após os créditos finais principais.