Uma aventura que se perde ao retratar uma Amazônia estereotipada com situações caricatas
Por Jurandir Vicari
Depois de tanta dor de cabeça com as polêmicas envolvendo o ator Johnny Deep, estrela de quatro filmes da franquia "Piratas do Caribe", fazendo com que futuros projetos com o astro fossem arquivados, a solução foi desenvolver desenvolver um nova aventura, foi assim que surgiu "Jungle Cruise". A ideia é boa, desperta a vontade de conhecer o parque e assiste a um filme divertido! Dois coelhos com uma cajadada só.
Mas a final o que é "Jungle Cruise"? Nada mais é, assim como "Piratas do Caribe", uma das atrações dos Parques da Disney, mais precisamente esta aventura encontra-se instalada no Magic Kingdom, e consiste num passeio por um rio cheio de corredeiras, onde o visitante poderá observar animais e plantas exóticas da Ásia, África e América do Sul. E agora é também o mais novo filme da Walt Disney, que chegou aos cinemas na ultima quinta-feira, 29 de julho, e também ao Disney+ através do Access Premier, serviço pago além da assinatura mensal, de R$ 69,90, para assistir ao filme por um tempo limitado.
Filme foi inspirado em uma atração dos parques da Disney | Divulgação
O filme, inspirado neste brinquedo, foca muito mais nas plantas exóticas, mas precisamente o longa se passa na floresta Amazônica. Sim vemos a história se passar no Brasil, tendo isso em mente, mesmo assim você verá as pessoas falando em espanhol, e um conhecimento bem estereotipado do que é a Amazônia e os costumes das terras tupiniquins. Como você deve ter aprendido na escola, os Europeus adoravam navegar em buscas de outras terras, e saquear as riquezas que encontravam. É nesse período histórico que o longa se desenvolve, com ingleses exploradores, vindo ao Brasil para encontrar a panaceia perfeita.
Para que o projeto realmente funcionasse, elencaram atores bem carismáticos como Emily Blunt ("O Retorno de Mary Poppins" e "Um Lugar Silencioso"), dando vida a personagem Lily, que deve estar com lordose de manter o filme inteiro nas costas, temos ainda o ator Jack Whitehall ("O Quebra Nozes"), interpretando McGregor, ele apoia a Lily, sua irmã, quase que de forma irrestrita. Não podemos esquecer de Dwayne Johnson ("Jumanji" e "Velozes & Furiosos"), o fortão que interpreta Frank, de forma bem canastrona, como se ele sempre fosse o mesmo personagem em todos os filmes.
Com direito a mortos-vivos amaldiçoados como vilões (qualquer semelhança com um filme de pirata já citado é mera coincidência). Os efeitos especiais usado nesses personagens são bons e ajuda a complementar a atuação de Jesse Plemons ("Judas e o Messias Negro" e "O Irlandês"), que interpreta um alemão, mas que tem o nome de príncipe Joachin, que eu jurava no começo do filme que era português. Paul Giamatti ("A Dama na Água" e "Duets - Vem Cantar Comigo"), interpreta Nilo, o branco rico que manda e desmanda na população brasileira, parecendo alguns políticos e empresários que conhecemos bem. Édgar Ramirez ("Dia do Sim" e "O Ultima Bourne"), é morto-vivo principal que quer o tesouro para quebrar a maldição. Mesmo com um elenco grandioso, todos possuem pequenas participações bem genéricas e esquecíveis.
Já os efeitos especiais que criam com muita exuberância os animais, plantas e insetos são tão bons ou até melhor que os usados nos vilões, CGI de ótima qualidade que garantem uma bela experiência visual. assim como os cenários, amplos e solares, dando aquela vontade de se aventurar.
A direção do espanhol Jaume Collet-Serra ("A Órfã" e "Águas Rasas"), assim como o roteiro assinado pela dupla John Requa e Glenn Ficarra, que trabalharam juntos em "Pé Pequeno" e "Como Cães e Gatos", tem a coragem de abrir algumas feridas em relação ao machismo, a colonização e a homofobia, mas infelizmente de maneira bem amena, faltando enfiar o dedo profundamente em cada uma delas e faze-las doer ainda mais. Ele é ousado, mas faltou se aprofundar e explorar um pouco mais temas tão pertinentes a nossa sociedade atual.
No geral, "Jungle Cruise" atinge o seu objetivo: ser divertido e bem humorado! Um elenco carismático e bonito complementam a jornada recheada de perigos, magia, maldições e bastante aventura. Contudo o passeio por uma Amazônia caricata, torna a obra tão superficial transformando-a em só mais um blockbuster da Disney, sem acrescentar muito a nossas vidas.