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Cinema | "Dr. Estranho no Multiverso da Loucura" ou, a ira de Feiticeira Escarlate?


Longa se desprende da manjada formula Marvel para entregar algo ousado e até mesmo original, proporcionando uma divertida e visceral viagem ao Multiverso

Por Paulo Costa


 Se em filmes como a animação "Homem-Aranha no Aranhaverso" ou no estrondoso sucesso "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" tivemos a chance de experimentar o início do multiverso no MCU, apresentando, mesmo que não tão a fundo, efeito e causa de quando as barreiras entre as realidades são ultrapassadas, é em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 5, que podemos mergulhar de cabeça e vivenciar uma experiência única de cruzar a linha tênue e se deparar com realidades que jamais deveríamos ter visto.

Como você se sentiria ao se encontrando com uma outra versão de si mesmo em uma dimensão longe de sua própria realidade? Por mais que o roteiro assinado por Michael Waldron de imediato pareça uma grandiosa confusão, desconexo e que não vai levar a lugar algum, é justamente essa sensação que arremessa o espectador a uma espiral de estranheza e muita loucura, afinal, quem ousaria se aventurar pelo multiverso e achar tudo tão normal e coeso? Ainda assim, quando todas as informações se fundem e começa a fazer algum sentido, temos um script que mesmo não trazendo nada de inovador ao menos consegue ser original e entrega o que se propõe: uma viagem insana que foge completamente da manjada formula Marvel.

Por mais que o longa não se prende a fanservices, e diga-se de passagem, não abusa deste artificio apenas para criar um conforto e nostalgia no expectador, ainda assim traz boas surpresas, de forma bem construída e inserida. Infelizmente este roteiro não chega a ser 100% satisfatório e traz algumas falhas, mesmo que não comprometa a obra como um todo, é um pouco frustrante como a nova personagem é inserida, afinal America Chavez, interpretada por Xochitil Gomez, é o alicerce que une todos os elementos, é a chave que abre as portas do Multiverso e faz com que todo o filme possa funcionar, merecendo um pouco mais de atenção e cuidado que não teve.

Xochitil Gomez interpreta America Chavez, personagem que merecia melhor desenvolvimento na trama | Divulgação


Contudo, mesmo com uma trama "diferentona", o resultado final poderia ser catastrófico se caísse nas mãos de algum diretor inexperiente ou com medo de inovar e acabasse por entregar mais do mesmo. Felizmente, Sam Raimi é o grande trunfo que esta obra merecia. Afastado há mais de 10 anos, o cineasta retorna com toda a sua genialidade e experiência para fugir do obvio e entrega um filme que surpreende ao fugir do senso comum e apresentar uma obra mais autoral, sua assinatura nos proporciona um escape das famigeradas cenas de ação mirabolantes ao mergulhar de cabeça para entregar uma estética toda trabalhada no Horror Clássico dos anos 1980, gênero que o lançou e o consagrou como diretor.

Visualmente este é um dos maiores deslumbres que a Marvel Studios já lançou, ainda que resgate muito da estética do longa anterior, desta vez tais efeitos não se saturam, pois de forma engenhosa combina-se o que foi apresentado com toques do terror trash e, sabendo-se usar um orçamento milionário, temos em tela efeitos mirabolantes banhado a sangue e um pouco de vísceras. É visível a cada frame o quanto o cineasta homenageia o terror através de um visual ousado, trazendo diversas referências sempre focando no melhor estilo "Filme B", de sua trilogia "Uma Noite Alucinante" (mais conhecida por aqui como "A Morte do Demônio") com direito a uma participação especial de Bruce Campbell, passando por uma Feiticeira Escarlate toda trabalhada em "Carrie - A Estranha", é um deleite para os fãs do gênero identificar cada uma delas. Em especial há uma cena que merece destaque, onde os personagens Stephen Strange e America Chavez transitam por diversos multiversos que misturado a uma edição totalmente frenética é de explodir a cabeça do espectador.

Benedict Cumberbatch está impecável ao viver os Outros Stephen, entregando personagens que mesmo semelhantes possuem características e atitudes distintas, o ator transmite isso ao trazer a cada um deles a personalidade e a fisionomia necessárias para que possamos distingui-los em cada multiverso. Porém, quem realmente transcende e rouba o filme para si é Elizabeth Olsen, sua Feiticeira Escarlate está ainda mais pulsante. Chega até ser muita ousadia dizer isso, mas o filme poderia se chamar "Doutor Estranho e a Ira da Feiticeira Escarlate", afinal, mais do que um filme solo do personagem título, este se faz um filme essencial para apresentar a própria Feiticeira pós os acontecimentos em "WandaVision". Pelas mãos de Raimi temos uma bruxona gótica e com sede de vingança que fará a plateia vibrar a cada momento explosivo desta personagem em cena.

Uma bruxona gótica no melhor estilo "Carrie - A Estranha" explode em tela | Divulgação


Desta vez até o próprio Wong, personagem de Benedict Wong, ganha o protagonismo que merece. Nele concentra-se o alivio cômico, de forma pertinente e ainda que muito tímida, Wong, agora um Mago Supremo, consegue trazer o humor sem ser exagerado, sempre muito bem empregado em momentos cruciais da trama, não desviando a atenção da plateia, mas ainda assim trazendo poucas mas boas risadas. Rachel McAdams retorna como Christine, grande amor de Stephen, e traz questões interessantes e até mesmo reflexivas não só para o Dr. Estranho, mas também para o público mais atento, entre seus questionamentos está uma frase tão simplória, mas de grande peso: "Você é feliz?"

Dito isso, para quem acredita que a vida é feita de momentos felizes, com certeza "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por mais que esteja voltado a algo um pouco sombrio, será capaz de fazer com que o expectador, que esteja de mente aberta para vivenciar uma louca experiência cinematográfica, saia da sessão feliz com o resultado final obtido.

PS: Possui duas cenas pós créditos, uma logo ao termino dos créditos principais e a outro no final de tudo, mesmo não acrescentando nada ao futuro do MCU vale a pena ficar para conferir.